A agricultura familiar enfrenta desafios como os de barreiras sanitárias. Na opinião do consultor de cooperativismo, Walter Heck, a legislação brasileira foi construída em cima de grandes empreendimentos sem levar em conta outras realidades.
“Você não pode tratar um produtor de embutidos defumados que produz 200 kg de salame de forma artesanal por semana como uma grande empresa, seja na parte tributária ou fiscal, porque se você tratar os dois de maneira igual vai cometer uma grande injustiça e fazer com o que o pequeno desapareça”, aponta o consultor, complementando que os órgãos, assistências e gestores públicos estão tendo cada vez mais este foco e que o Mato Grosso deve avançar a produção nos próximos anos.
Outro ponto que Heck cita como desafio no setor é o produtor usar do cooperativismo como instrumento de organização econômica. “Para criar escala, para competir no mercado. O produtor mato-grossense sabe produzir, trabalhar, a partir disso ele vai buscar mercado, vai levar o produto dele na baixada cuiabana, por exemplo, para alimentar um milhão de pessoas que estão lá sedentas por produtos de qualidade”, afirma o consultor.
A agricultura familiar é fundamental para o desenvolvimento de um município e responsável por 70% dos produtos que chegam a nossas casas. “Ela é o sustentáculo social. Eu vi muita cidade quebrar porque só existia uma grande empresa que sustentava toda a cidade, o dia que essa indústria fecha, a cidade toda quebra. Então, a visão que se tem é de que preferimos ter 200, 300 médios negócios, e a gente tem que começar a perceber que cada propriedade de agricultura familiar é uma microempresa”, frisa Heck.
O consultor, que participou do Show Safra BR 163, acrescenta ainda que ficou surpreso com a atenção do evento para o pequeno produtor. “Isso é muito importante, essa mistura de produtores e propriedades diferentes é fundamental para quebrar alguns mitos, tenho certeza de que quem esteve presente está se sentindo grande e importante no processo”, encerra Heck.
Fonte: Assessoria