A Fundação Rio Verde começou a avaliar na Safra 2014/2015 a influência de antracnose na produção da soja. A pesquisa integra um projeto desenvolvido em Mato Grosso, em parceria com instituições como UFMT, IMA, IFMT e MAPA e que tem por objetivo avaliar o risco fitossanitário e padrões de tolerância a pragas não-quarentenárias regulamentadas nas culturas da soja, algodão, girassol e crotalária em todo o estado.
O grupo começou a se reunir ano passado e pretende obter resultados que sejam representativos para Mato Grosso, como informa a engenheira agrônoma e pesquisadora da Fundação Rio Verde, Luana Belufi. “Pretendemos gerar conhecimento sobre o real risco fitossanitário e definir padrões de tolerância a pragas não-quarentenárias que podem ser transmitidas por sementes”, declarou Luana.
A Superintendência Federal de Agricultura (SFA) de Mato Grosso também acompanha o andamento do projeto. Para fazer a regulamentação das pragas que são de risco e saber até que nível elas podem ser toleradas nas sementes comercializadas, o órgão precisa de resultados respaldados pela pesquisa que irão responder a esses questionamentos. “Os primeiros resultados do projeto devem ser apresentados em agosto. Ao final da pesquisa, com a divulgação dos dados, os órgãos competentes terão um parâmetro para fazer a regulamentação dessas pragas nas sementes”, acrescentou a pesquisadora.
Antracnose
A antracnose é uma doença causada pelo fungo Colletotrichum truncatum. Os sintomas da doença podem ser observados desde as fases iniciais de desenvolvimento da planta, ocasionando lesões nos cotilédones, nas hastes e ramos, os quais ficam tomados por pontuações escuras. “O patógeno pode estar presente nas folhas e hastes da planta desde o estádio R5.1, sem apresentar aparecimento de sintomas da doença até o final do ciclo quando observa-se lesões nas vagens. As sementes são a principal forma de propagação dessa doença para as plantas cultivadas, devido sua ampla utilização é considerada também um importante meio de disseminação de fitopatógenos. Esse patógeno associado às sementes pode ser responsável pela queda do poder germinativo e do vigor das mesmas”, explicou Luana.
Em Mato Grosso, a ocorrência e intensidade da antracnose variam de acordo com as condições climáticas de cada região. “Pode ser considerada uma doença secundaria. Ainda não se tem informações muito precisas sobre o problema, por isso a necessidade da pesquisa”, observou a engenheira agrônoma.
De acordo com a pesquisadora, a presença do patógeno no solo ou nas sementes, a alta precipitação pluviométrica e temperaturas altas durante o estabelecimento da cultura são condições ideais para o desenvolvimento da doença. “Como esse é um patógeno que pode estar presente no solo ou ser transportado pelas sementes é de extrema importância a realização do tratamento de sementes visando o manejo eficiente da doença”, frisou Luana.