RELATO DE LAGARTA ATACANDO CULTURA DO MILHO NO MOMENTO DA COLHEITA
Lagartas foram coletadas nos municípios de Nova Mutum, Campo Verde e Tangará da Serra. O hábito de alimentação das lagartas foi variável em função do desenvolvimento da cultura do milho. Nas folhas verdes, as lagartas estavam causando desfolha, especialmente se alimentando de tecido necrosado (Figura 1), também foram encontradas atacando a casca e estigmas da espiga de milho (Figuras 3, 4 e 5). Quando as plantas estavam secas as lagartas foram coletadas alimentando-se da base das espigas (figuras 6 e 7), perfurando o centro da espiga. E dentro das espigas caídas (Figura 2), as lagartas foram observadas alimentando-se dos grãos secos (Figuras 9 e 10).
A identificação taxonômica foi realizada com adultos emergidos pelos pesquisadores da Embrapa Cerrados, Alexandre Specht e Silvania Vierira de Paula-Moraes. Os resultados da análise morfológica dos espécimes adultos indicaram Elaphria agrotina (Guenée, 1852) (Figura 14) e E. deltoides (Möschler, 1880) (Figura 15) (Lepidoptera: Noctuidae: Noctuinae: Elaphriini). Espécimes de ambas as espécies foram depositados no Museu de Entomologia da Embrapa Cerrados, Planaltina, DF (Brasil).
As espécies Elaphria agrotina e E. deltoides são amplamente distribuídas nas Américas, há relatos nos Estados Unidos, no extremo sul do Rio Grande do Sul (Santa Maria e Salvador do Sul), no estado de São Paulo (Piracicaba e Jaboticabal) e no Norte da Argentina. Na região central do Brasil, em áreas de Cerrado, E. agrotina foi relatada principalmente em áreas de cultivo, e em baixas densidades na vegetação nativa. Seis culturas foram relatadas como plantas hospedeiras de E. agrotina, incluindo a soja, feijão, quiabo, algodão, cana de açúcar e abacaxi.
A ecologia e o impacto do género Elaphria foram documentados e descreveu-se o gênero como a "traça da cana morta", a lagarta que se alimenta de tocos mortos e em decomposição e até mesmo em lixo seco. E. agrotina e E. deltoides têm uma ecologia e distribuição geográfica semelhante. Ambos apresentam o risco de impacto econômico para a produção de milho. Os prejuízos econômicos são causados pela alimentação das lagartas na base da espiga do milho, seguido de espigas caídas, que compromete a colheita mecânica.
Os surtos de E. agrotina e E. Deltoides geralmente são esporádicos e em pequenas areas, geralmente sendo observadas na palhada das culturas antessessoras. Recomenda-se sempre o momitoriamento das areas para a tomada de decisão para o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas.
OBSERVAÇÃO: Resumo extraído do artigo: SPECHT, A.; SORIA, M.F.; MABA T.S.; BELUFI, L.M.; GODOI, B.W., PEREIRA, M.J.; PAULA-MORAES, S.V. First report of Elaphria agrotina and Elaphria deltoides (Lepidoptera: Noctuidae: Elaphriini) feeding on maize. Journal Economy Entomological. vol. 07(4), pag. 1458-1461, 2014.
Figuras: 1-15 Elaphria spp.: 1-5 lagartas no tecido vegetativo do milho; 6 – lagarta na espiga seca; 6-7 buracos feitos pelas lagartas na base da espiga de milho; 8 lagartas dentro da espiga de milho; 9 grãos de milho secos roídos por lagartas; 10-11 E. agrotina habito de alimentação de grãos; 13 E. agrotina pulpa; 14 E. agrotina fêmea adulta (envergadura 22 mm); 15 E. deltoides fêmea adulta (wing span 21 mm). Créditos das fotografias: Barbara Weschenfelder Godoi (1-4; 12); Miguel Ferreira Soria (5-9; 13); Talita Saiara Maffini Maba (10-11); Fabiano Bastos (14-15).